Literatura | Conto | Chuvas de dezembro.

   O tempo chuvoso de dezembro trouxe tristeza para as pessoas da vila de Santaninha, era uma comunidade de pessoas alegres trabalhadoras, gente feliz com que tinham, os mais jovens trabalhavam nas lavouras das fazendas da cidade, os adultos e idosos trabalhavam na cooperativa da comunidade faziam doces e biscoitos para vender nos mercados das cidades vizinhas. Eram pessoas sempre alegres e bem-dispostas nem pareciam que trabalhavam tanto, sempre tinham tempo para um dedo de prosa e uma rima, as mulheres preparavam as mandiocas faziam polvilho para massas de biscoitos e assavam no forno de barro bem grande, os homens buscavam as frutas nos sítios e ajudavam no preparo dos doces, sempre descavam os frutos e ralavam e picavam e as moças iam cozinhando os doces até o ponto desejado, assim todos trabalhavam ninguém escapava da lida.
Mas fim de novembro começou a chover muito e foi ficando difícil acesso as fazendas mais distantes em outros municípios onde a comunidade buscavam os frutos e mandiocas para a cooperativa, os doces prontos já estavam poucos os biscoitos haviam entregado a última remessa da semana precisam repor, mas como com tantas chuvas. Então se reuniram e decidiram iriam buscar de picape mesmo caso não rompessem as barreiras alguém levaria um trator. Tudo pronto para saírem eram 03 horas da manhã chovia muito, Telma a mais velha da comunidade era viúva e morava com 05 filhos todos homens, Teobaldo era seu nome mais todos chamavam de Théo, ele era o motorista que conduziria os outros homens até o sitio que ficavam 03 horas de distância, a mãe o abençoou e ele seguiu até o galpão onde os outros aguardavam, lá estavam mais 06 homens que também deixaram esposas e filhos em casa.
Na estrada muitas barreiras estava difícil mas conseguiram chegar ao destino, depois de lotarem a picape  voltaram, a chuva caia forte muitos raios trovões, há tempo não chovia tanto em dezembro, quando chegaram numa serra conhecida como pau sabão ficou pior, a picape deslizava não subia, muito peso disse o s.r. Miramar vamos empurrem vamos conseguir, Gledson e Alam desceram e começaram empurrar, vamos todos de uma vez acelere bem Théo, Roberto, Ramon e Wesley ficaram do lado esquerdo e os outros do direito Théo acelerou bem e foram subiram um pouco, gritaram vibraram , mas de repente como num passe de mágica a picape voltou e jogou seu Miramar numa ladeira de pedras para desespero de todos. Gritavam corriam em meio a lama e desceram com dificuldade a ladeira de pedra escorregadia até alcançar o corpo inerte do amigo que não resistiu a queda. E agora como voltar para casa e dona Celeste como receberia o corpo do marido, em meio a lagrimas e revolta decidiram voltar pois não havia o que fazer, no fim da tarde depois de muita luta na estrada de lama e buracos chegaram. As mulheres estavam aflitas e aguardavam no galpão para ajudar descarregar as caixas sabiam que estariam cansados da lida, quando avistaram os homens calados perceberam que havia algo errado, sempre chegavam cantando e felizes.
Foi uma fatalidade explicou os companheiros ninguém teve culpa gente, entendam não há culpado Deus permitiu e aconteceu. Mas dona Celeste em silêncio permaneceu e chorou abraçado ao corpo do marido, depois voltou-se para todos que choravam também e disse, vamos tratar do sepultamento depois falaremos do acontecido, foi uma noite de muita tristeza para toda comunidade apesar de tanta chuva a vila ficou cheia de gente a noite toda. Depois do sepultamento eles se reuniram para decidir como seria agora sem o s.r. Miramar para gerenciar a cooperativa, mas dona Celeste chegou e falou uma frase que chocou a todos presentes pois ela era uma senhora com mais de 60 anos era mais velha que o falecido, eu vou gerenciar essa cooperativa e quero o respeito de todos vocês, ainda não sabem mas era eu que o tempo todo dizia a meu marido o que se fazer, eu ajudava ele nas contas e no pagamento de todos tenho tudo sobre controle, mostrou o caderno onde anotava tudo. Assim a vila ficou conhecida na região toda por ter uma cooperativa tão promissora e moradores tão alegres e felizes apesar das chuvas de dezembro.

Texto escrito por Luzia Couto. Direitos Autorais Reservados a autora. Proibida a cópia, colagem, reprodução de qualquer natureza ou divulgação em qualquer meio, do todo ou parte desta obra, sem autorização expressa da autora sob pena de violação das Leis Brasileiras e Internacionais de Proteção aos Direitos de propriedade intelectual.