Felicidade é algo que
Geralda não conhecia, desde criança trabalhava duro na lavoura junto com seus
irmãos e sua mãe. O pai havia desaparecido quando era motorista de um
fazendeiro, ele fazia entrega de café na cidade polo do café bem longe de sua
cidade. A família nunca mais teve notícias, o fazendeiro fora morto pouco
depois, sem indenizar a família ou responder pelo desaparecimento de Gabriel. A
mãe e os 04 filhos continuaram no sítio trabalhavam sol a sol e não tinham
tempo nem para as crianças estudarem de manhã a noite semana toda, dona Fátima
era bem jovem quando ficou só mas nunca quis outro homem, continuou a viver
pros filhos e pro trabalho, Geralda era mais velha, depois havia Gleuson,
Gervasio,Gilda a mais nova. Os 04 filhos era tudo para Fátima. Tudo que
plantavam na lavoura vendiam depois de tirar o das despesas, sempre vendiam
porcos e galinhas, depois resolveram criar cabras, vendiam também, além do
arroz e do feijão que colhiam sempre colhia umas sacas de café da velha
lavoura, tudo a mãe deles dizia que era para garantir o futuro deles.
Geralda já tinha 20 anos, não saia de
casa a não ser para vender e comprar o necessário, os irmãos agora com 19 e 18
anos também obedeciam a mulher como se fossem crianças ainda, Gilda era mais
rebelde com seus 17 anos já estava namorando mesmo sem autorização dos irmãos
que achavam que podiam proibir. A mãe ficava irritada mas a moça nem se
importava, e sobrava pra Geralda que não vigiava como devia a irmã, sem muitos
argumentos a moça deixou falarem o que quisesse, Gilda era rebelde não
tinha como vigiar, foi então que teve uma ideia, arranjaria namoradas pros
irmãos, assim todos se casariam e teria paz, mas que nada deu certo os três
mais novos se casaram continuaram morando no sítio e os serviços só aumentaram
pra ela, sua mãe agora não tinha muita saúde como antes, ficava em casa ela ia
pra lavoura, sempre pensava eu podia casar também queria ver quem cuidaria
disto aqui. Todos os dias cuidava da casa e das criações antes de ir trabalhar,
sua mãe abençoava e lá ia a moça, a noitinha quando voltava suja suada e muito
cansada ouvia os gritos de suas sobrinhas brincando, imaginava nunca pudemos
brincar, nem uma boneca tive, hoje bem nasceram tem várias bonecas brincam
estudam e eu? Ah era muito injusto, seus irmãos cuidavam cada um de seu próprio
pedaço de lavoura ela cuidava do dela e de sua mãe, agora era hora do banho e
de fazer janta todas as noites os irmãos vinham com suas famílias jantarem
juntos como faziam desde crianças, mas ninguém fazia nada tudo era Geralda que
fazia.
Depois de alguns anos sua mãe faleceu
agora ela era sozinha, ia fazer bem o que quisesse, mas já tava acostumada,
levantava cuidava de tudo e lá ia, com o passar do tempo se deu conta que
estava envelhecendo e continuava cuidar de tudo como antes, tomou uma decisão
de hoje em diante cada um de vocês comam em suas casas, estou cansada e nada de
deixar filhos comigo para saírem. Todos estranharam ela sempre fazia tudo
calada, e agora o que fariam sem os serviços da irmã, mas ela decidida não
voltou a trás. Tratou de ir na cidade cortar os cabelos, chegando no salão toda
humilhada tinha os pés cheios de rachaduras e as mãos calejadas, as unha
pareciam nunca terem sidos cortadas nem lixadas, Ilka a dona do salão ficou
ressabiada mas atendeu direitinho, deu trato na moça, cortou, pintou seus
cabelos grisalhos de castanho, a manicure cuidou das unhas, deu um trato na
moça que ao se olhar no espelho não se reconheceu, tamanha mudança, ainda
tímida perguntou será que a sra pode me ajudar escolher umas roupas na loja
aqui do lado, claro mas não sou sra certo, depois de escolherem roupas
adequadas para Geralda, disse compre umas maquiagens e perfumes, vai gostar,
ela adorou a maquiagem que Ilka fez, ficou bonita ela estava era mau tratada,
agora sim poderia até conhecer alguém. Ao chegar os irmãos ficaram espantados,
mas as sobrinhas adoraram eram adolescentes queriam também os homens acharam
ruim, teriam que comprar para esposas e filhas, eram 06 mocinhas 03 de cada um,
não tinha nem um sobrinho apenas moças, mas ela estava alegre se sentia bonita,
pena que a idade passou estava velha para namorar, mas seu coração dizia ao contrário,
sentia uma enorme vontade conhecer alguém. Passado um ano ela voltava da cidade
precisamente do salão onde ficou freguesa, conheceu Marlon um homem da sua
idade pelo qual se apaixonou. Recebeu muitos insultos de sua família, por estar
de idade, mas se casou aos seus 60 anos, sentia de não poder ter filhos que era
seu grande sonho, e também de sua mãe não poder ver sua felicidade que sempre
achou nunca poder sentir.
Texto
escrito por Luzia Couto. Direitos Autorais Reservados a autora.
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